Sua pele coça e bolhas aparecem? Entenda a urticária e quando se preocupar
A coceira intensa acompanhada do surgimento de bolhas ou manchas elevadas na pele é um sintoma que não deve ser ignorado. Frequentemente, esses sinais indicam uma condição inflamatória comum conhecida como urticária, que afeta uma parcela significativa da população em algum momento da vida. Compreender suas causas, tipos e tratamentos é fundamental para um manejo adequado e para garantir a qualidade de vida.
O que é Urticária e Como Ela se Manifesta?
A urticária é uma reação cutânea caracterizada pelo aparecimento de pápulas (também chamadas de urticas) — lesões elevadas, avermelhadas e com coceira intensa, que podem variar em formato e tamanho, por vezes unindo-se para formar placas maiores. Essas lesões surgem devido à liberação de histamina e outras substâncias químicas por células da pele, os mastócitos, que causam o vazamento de fluidos dos pequenos vasos sanguíneos (capilares) para a derme.
Embora as urticas geralmente desapareçam em até 24 horas, novas lesões podem continuar surgindo em outras partes do corpo. Em muitos casos, a urticária pode vir acompanhada de angioedema, um inchaço mais profundo que afeta áreas de pele mais frouxa, como lábios, pálpebras e mucosas. O angioedema é geralmente mais doloroso do que pruriginoso e demora mais para regredir do que as urticas.
Classificação da Urticária: Aguda vs. Crônica
A urticária é classificada principalmente com base em sua duração, o que influencia diretamente a investigação e o plano de tratamento:
1. Urticária Aguda
- Duração: Geralmente inferior a seis semanas, podendo resolver-se em poucos dias.
- Sintomas: Pápulas elevadas (urticas) e/ou angioedema, com variação de tamanho e forma.
- Causas Comuns:
- Alergias: Alimentos (leite, ovos, trigo, frutos do mar, castanhas), picadas de insetos, medicamentos (analgésicos e anti-inflamatórios), contrastes radiográficos.
- Infecções: Virais (incluindo COVID-19) ou bacterianas, embora menos frequentes.
- Tratamento: Anti-histamínicos para alívio da coceira e desconforto. A identificação e remoção do gatilho são cruciais para prevenir novas crises.
2. Urticária Crônica
Caracteriza-se por episódios recorrentes que persistem por mais de seis semanas, podendo durar meses ou até anos. A urticária crônica é subdividida em dois tipos principais:
a) Urticária Crônica Espontânea (UCE)
- Características: Surge sem um gatilho externo evidente.
- Associações: Pode estar ligada a doenças autoimunes (como doenças da tireoide, lúpus) e, em casos raros, a certos tipos de câncer.
- Tratamento: Doses elevadas de anti-histamínicos e, em alguns casos, omalizumabe, um anticorpo monoclonal que ajuda a reduzir a frequência e intensidade das crises.
b) Urticária Crônica Induzida
- Características: Provocada por estímulos físicos ou ambientais específicos.
- Tipos e Gatilhos: Inclui urticária ao frio, urticária solar, urticária de pressão tardia, urticária colinérgica (pelo suor), urticária aquagênica (pela água), urticária por calor, urticária de contato e dermografismo (provocada por atrito na pele).
- Tratamento: A principal medida é evitar os gatilhos sempre que possível. O uso de anti-histamínicos é comum, e o omalizumabe pode ser considerado em casos refratários.
Angioedema Hereditário: Uma Condição Diferente
É importante notar que, quando o angioedema ocorre isoladamente, sem as pápulas da urticária, pode ser um sinal de angioedema hereditário. Esta é uma condição rara e grave, não relacionada à urticária comum, que requer exames e tratamento específicos, pois pode causar inchaços potencialmente perigosos na garganta e vias aéreas.
Quando Procurar Ajuda Médica?
Embora a urticária aguda geralmente seja autolimitada, qualquer caso de urticária que persista por mais de algumas semanas, seja acompanhado de angioedema severo (especialmente na face ou garganta) ou cause um impacto significativo na qualidade de vida, deve ser avaliado por um médico. A urticária crônica, em particular, exige acompanhamento médico para um diagnóstico preciso, controle dos sintomas e prevenção de crises, buscando identificar possíveis causas subjacentes e estabelecer um plano de tratamento eficaz. O tratamento adequado pode proporcionar alívio significativo e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.



